Flor de Mato Grosso
Ela chega em um ar indecifrável,
Impossível saber o que ela quer dizer,
Nada se sabe a respeito,
Fala pouco, sorri pouco, apenas observa,
O gélido e pacato olhar castanho,
Não permite decifrar o que vem através dele.
Como uma rosa do deserto,
Não tem como ela passar desapercebida,
Ainda que muitos não a apreciem,
Sua presença é inconfundível.
Rosas tem espinhos,
Certamente ela tem aos montes,
Ela está pronta para se defender,
Pronta, armada, contra qualquer perigo,
Antes ferir que ser ferida,
Ainda que muito ferida esteja.
A resistência é o que a torna bela,
Perspicaz, com olhos muito atentos,
Mas ao mesmo tempo tão distantes,
Transportando-se sempre para um outro universo,
Um universo bem distante daqui.
Impossível reconhece-la pelo avesso,
Afinal uma nobre tem sua decência,
Seus espinhos são pontiagudos,
Mas sua ideia não é machucar,
Apenas proteger.
Um singelo sorriso tímido,
Raramente é esboçado,
Ela prefere manter-se em silêncio,
Sem ser incomodada,
Descansando,
Aonde não é incomodada,
Até o dia certo de seu despertar.
Um dia o sol nasce,
O raio de sol tocará a face dela,
Ela ligeiramente abrirá seus olhos,
E enxergará seu caminho,
Desarmando-se,
Permitindo florescer.