Por inteira
E agora, o que faço eu
com você? Penetrando, invadindo, convidando
a si mesma... para o meu sonho?
Descrevendo você como se já estivéssemos juntos
mas - ainda! - nunca aconteceu.
Percebo que, sendo sonho meu,
vontade se esgueira dentro de mim... de te consumir
inteira.
Não sei se já não teria ocorrido, não fosse esse ano e temporada
distante de você. Talvez eu teria decidido ir
e te encontrar para uma quaresma
só nossa, convidando você para uma dança que seria totalmente despida
de compromissos outros e receios.
Se estivéssemos juntos, seria temperada
com todos os meus afetos, sem assombros e rodeios.
Em integridade me entregaria. Você mesma
saberia como, em meu sonho, te amo sem me apressar
para aproveitar
cada segundo de você... por inteira.
Se eu pudesse, ainda que tardonho
faria real esse sonho
e diria que já não saberia mais diferenciar
entre a virtualidade e a realidade
entre a sublimidade e a atividade
entre a imensidade e a simplicidade
de tocar e ver você, ao ver os raios de sol de sua janela
revelando as curvas do teu rosto e do teu corpo, belos e abjuntos
em você, amor que conquistou minha cidadela.
Poderosa, abrasadora, bela... você é. Por inteira.