ME DESPRENDER
Ninguém está imune às madrugadas e seus devaneios,
O sonho se afasta e deixa os pensamentos bagunceiros,
Enquanto a carne se afoga em doces cobertores e seus travesseiros.
A hora passa devagar como quem quer castigar,
E o coração contrito intenso a palpitar,
Enquanto a alma agitada tenta respirar.
E antes que perceba o sono te abraça,
Repousa alguns instantes a vida de desgraça,
Os sonos acalentam em seus finos fios de graça.
E novamente o dia se levanta,
E novamente a rua te espanta,
Tantas palavras continuam presas na garganta.
Quem saberá o dia de reinventar os sonhos que um dia abandonou,
E arrebentar as prisões que o medo te aprisionou,
E recomeçar mesmo quando as vozes dizem “acabou”.
Quem saberá em qual esquina se esconde o amor,
E de onde virá a chama que reavivará o seu fulgor,
Até que um sorriso adoce esse amargor.
Quem saberá a hora de recomeçar é o teu coração,
Sem medo de errar pela sua decisão,
Abrindo as velas dos sonhos e navegando em boa direção.
Até que os fardos saiam todos e cada dia seja apenas para viver,
Até que entendamos que somos eternos alunos e vamos aprender,
Até que todas as paredes construídas caiam a me desprender.