ECLIPSE

Sol

Suas chamas ardem

Em si, por si e pra si

Numa busca um tanto egoísta

Não permite aproximação fecunda

Repelindo assim

O afago, o toque, o afeto.

Dentro do seu abrasivo calor

Ele se esconde

Calculando os riscos

Somando as desilusões

Subtraindo as expectativas.

O quê o faz temer a própria luz?

Seria o medo da escuridão

Ou a fria e mórbida solidão?

Autodefesa talvez?

Na ânsia por algo maior

Por uma entrega pura

Sem cláusulas ou rachaduras

Internou seus sentimentos

Tornando-se imune a dor

E insensível ao toque.

Mas suas armaduras cairam

Quando a lua cruzou o seu destino

Bagunçando o seu caminho

Lhe mostrando que não é bom

Um coração amar sozinho.

E num eclipse total

Sem medo

Sem pudor

Ele rendeu ao amor.

O sol, a lua intensamente amou

Deixando-se queimar lentamente

Pela combustão dos corpos

Iluminando todo universo

Dentro de si.

Xícaras de Prosa
Enviado por Xícaras de Prosa em 08/10/2020
Reeditado em 07/04/2021
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