ECLIPSE
Sol
Suas chamas ardem
Em si, por si e pra si
Numa busca um tanto egoísta
Não permite aproximação fecunda
Repelindo assim
O afago, o toque, o afeto.
Dentro do seu abrasivo calor
Ele se esconde
Calculando os riscos
Somando as desilusões
Subtraindo as expectativas.
O quê o faz temer a própria luz?
Seria o medo da escuridão
Ou a fria e mórbida solidão?
Autodefesa talvez?
Na ânsia por algo maior
Por uma entrega pura
Sem cláusulas ou rachaduras
Internou seus sentimentos
Tornando-se imune a dor
E insensível ao toque.
Mas suas armaduras cairam
Quando a lua cruzou o seu destino
Bagunçando o seu caminho
Lhe mostrando que não é bom
Um coração amar sozinho.
E num eclipse total
Sem medo
Sem pudor
Ele rendeu ao amor.
O sol, a lua intensamente amou
Deixando-se queimar lentamente
Pela combustão dos corpos
Iluminando todo universo
Dentro de si.