PAISAGEM NUA

Sim, tua nudez é minha paisagem.

Bem entendo, mas recuso teus recados.

Sigo a estrada de teu corpo, pela margem,

e aspiro fundo teu úmido aroma de flor e mata.

Elevo colchas e lençóis.

Dormida nem percebes

com quem encanto te contemplo.

O sol se espreguiça nas cortinas

e a manhã avança a passos lentos.

Ah, se um dia por uma turva fatalidade

Fosse-me negado o fascínio da contemplação,

mesmo de olhos vendados

eu reconheceria os detalhes de tua beleza em minhas mãos.

e se algemas me pusessem,

para espanto de meus algozes, juízes e sábios

eu identificaria o mundo de teus encantos

deitando sobre o teu corpo meus suspirantes lábios.

Se forem bloqueadas estradas e ruas

e se tu mesma de mim te perderes na distancia

eu te saberei inteiramente nua,

esplêndida e nítida em minha lembrança.

Débora Castro
Enviado por Débora Castro em 24/10/2007
Reeditado em 05/07/2011
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