PERDI NA SUA TRILHA
Izaías Veríssimo de Castro - 30/09/2020
Vacilei feio, minha bússola caiu, rolou
Foi-se ribanceira abaixo e espatifou
A trilha encantada que eu chamava do amor
Agora está sinistra, virou trilha do pavor
Estou aqui tenso, nesse mato denso
A tantas coisas propenso
Com a bagagem cheia de saudade
Escoteiro solitário de primeira viagem
Já ando em círculo, quase exausto, sem pique
Visão turva, crise de labirintite
Não conheço as trilhas como conheço tuas curvas
Me sinto despencado minha musa, cacho sem uvas
O sol está encoberto por nuvens escuras
Certamente o céu derramará chuva
Que molhará meu corpo, me trará frio
E faltará você pra que eu não sinta vazio
Se amanhã eu não ligar até o horário que sempre ligo
Pra dizer bom dia, ouvir tua voz e aflorar minha libido
Podes vir à minha procura, pois estarei em perigo
Meus pés estarão plantando rastros sem sentido
Sujeito eu estarei a secar as lágrimas
Meu diário de vida poderá não ter mais páginas
Poderei perder o brilho do olhar, minar o sorriso
E nunca mais, os teus braços e colo eu ter como abrigo