O amor
És morno, oh amor!
Não ardes feito louca paixão.
Não tens sofrimento, nem graça.
Tua simplicidade debocha do desejo.
Mas és inteiro embora não sejas robusto, és estável, embora não sejas concreto, és agradável embora não tenhas gosto de nada.
Sabe, amor. Tu és virtude mas não és virtuosismo, não sabes tomar um corpo com o capricho de quem toca um violino. Não sabes beber da fonte borbulhante e secreta dos amantes. Não, amor. Nada és senão remédio, nada és, senão fortuna, mas ainda és o melhor dos nadas.