O maior amor da minha vida

Ufa!

Despertei de um sonho louco e descabido,

No qual me via dividida em seis pedaços.

Mas o incrível desse sonho indefinido,

É que não via minhas pernas nem meus braços.

Vi que meu corpo era sem forma e sem matéria.

Eu era apenas sentimentos controversos.

Só um fio de tempo religava minha artéria,

Aos meus eus com seus aspectos tão diversos.

Bem do meu lado vi que estava minha razão.

Se esgueirando como quem foge da luta.

Do lado oposto avistei minha ilusão,

De mãos em punhos preparada pra disputa.

Vi mais à frente o meu orgulho agonizando.

Tentei pegá-lo com as mãos e reerguê-lo.

Mas minhas mãos eu não estava encontrando,

Então olhei para o outro lado para não vê-lo.

E quando voltei-me àquela nova direção,

Eis que avistei minha dignidade me acenando.

Mas com vergonha dela não me aproximei.

E os meus cacos fingi que estava procurando.

Num desses cacos reconheci meu amor-próprio.

Boquiaberto como se estivesse asfixiando.

E naquele sonho esquisito e meio impróprio,

Soprei-lhe um beijo e assim fui acordando.

Já desperta olhei em volta assustada.

E me ergui como quem ainda duvida.

Da capacidade de andar equilibrada.

Juntei as mãos numa prece agradecida.

Pois, no sonho em que me via fracionada,

Ressuscitei o maior amor da minha vida.

Adriribeiro@adri.poesias

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 22/09/2020
Reeditado em 02/12/2020
Código do texto: T7069905
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.