BELA
O colapso da retina inteira
no punhal arbitrário de tua beleza.
Os átomos que emanam da estrela
itinerantes na totalidade da surpresa.
No relato que a luz escreve,
invadindo a superfície com textura de silêncio.
Exibindo a poética geometria do teu
invisível, na contradição de no topo
não haver relva, apenas o horizonte;
a sobra de imensidão hesitante,
para o olhar história é instante.
Ou limite escoltado pela ausência.
Caminho na fortaleza de existir
e simultaneamente na perecível condição
do espaço que ocupas tu e a claridade
de tua estética plena...
És divindade anônima, ou
liricamente essência incontida,
volume da fusão de aurora e ideal.
Não há abismos... no próximo passo
o território é eterno.
Na unidade do chão do universo,
o vácuo da sombra, o reflexo teu
que grita ainda que sem imagem
no vestígio da lembrança.
Na cantiga da brisa é o ar é quem
dança.