Falido!

Um copo de whisky barato

Mexendo-o de um lado para outro

Enquanto observo bem ao meu redor

Procurando por qualquer vestígio.

Uma golada violenta

A bebida desce queimando os restos que encontra por dentro

Faço uma careta

E ninguém rir... ninguém viu.

Me sento em frente ao meu notebook

Encaro o teclado e ele me retruca,

Me acusa de inadimplente,

Que tenho negócios inacabados com ele.

Dou outra golada e procuro no fundo da minha mente

Algum tostão, alguma esmola,

Mas minha conta está zerada.

Aqui nessas paredes costumava ter um monte de quadros,

Belíssimas lembranças,

Logo a frente, virando nesse corredor

Costumava um pouco de empolgação,

Uma sensação de novidade sempre a acompanhava.

No entanto, as paredes estão vazias,

A empolgação não tenho mais em estoque

E as novidades não sei por onde andam.

Sinto muito meu caro notebook,

Ficarei te devendo novamente

Qualquer coisa que possa ser lembrada como arte,

Não conseguirei saciar sua vontade

Sou um escritor falido:

Não tenho material para produzir poemas

E sinceramente, nem sei se ainda tenho vontade.

Nomor
Enviado por Nomor em 18/09/2020
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