Falido!
Um copo de whisky barato
Mexendo-o de um lado para outro
Enquanto observo bem ao meu redor
Procurando por qualquer vestígio.
Uma golada violenta
A bebida desce queimando os restos que encontra por dentro
Faço uma careta
E ninguém rir... ninguém viu.
Me sento em frente ao meu notebook
Encaro o teclado e ele me retruca,
Me acusa de inadimplente,
Que tenho negócios inacabados com ele.
Dou outra golada e procuro no fundo da minha mente
Algum tostão, alguma esmola,
Mas minha conta está zerada.
Aqui nessas paredes costumava ter um monte de quadros,
Belíssimas lembranças,
Logo a frente, virando nesse corredor
Costumava um pouco de empolgação,
Uma sensação de novidade sempre a acompanhava.
No entanto, as paredes estão vazias,
A empolgação não tenho mais em estoque
E as novidades não sei por onde andam.
Sinto muito meu caro notebook,
Ficarei te devendo novamente
Qualquer coisa que possa ser lembrada como arte,
Não conseguirei saciar sua vontade
Sou um escritor falido:
Não tenho material para produzir poemas
E sinceramente, nem sei se ainda tenho vontade.