Pelo tempo que durar
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" Nada vai permanecer
No estado em que está
Eu só penso em ver você
Eu só quero te encontrar
Geleiras vão derreter
Estrelas vão se apagar
E eu pensando em ter você
Pelo tempo que durar
Coisas vão se transformar
Para desaparecer
E eu pensando em ficar
A vida a te transcorrer
E eu pensando em passar
Pela vida com você"
(Adriana Calcanhoto/Marisa Monte)
Eu te espio pela janela de um momento
Faço-me cúmplice do último instante
Num mapa de me perder e ser amante
Com meus olhos sonhados de aluamento
Eu te tenho na possibilidade cheia
De uns vagalumes que pousam no coração
E batucam sonorizando um verão
De um bombear de amor na minha veia
Eu te olho profundo com cara de virgem
Que tenta o amor dentro do mar
Bebendo um mel escorrido de achegar
E salgando como se chorasse vertigem
Eu te colho num contato puro e profano
Com a carne coberta de primavera
Perfumando a língua e engolindo hera
Nesse imprevisto casto e tão mundano
Eu te traço faíscas de estrela e meteoro
Como a descoberta da primeira pureza
No meneio do meu sonho de framboesa
Até que marque em cicatriz o meu poro
Eu te sonho eterno no tempo que tenho
Como o ritual das plantas em sua passagem
Livre, num bem-me-quer sem bagagem
Extensa ao íntimo desarme com que venho.
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