DE CORPO SEM ALMA
Deixe-me molhar teus lábios, com meu beijo arrepiante.
Tocar tua face, com minha face instigante.
Insultar tua mente, com meu andar desconcertante.
Mergulhar contigo no oceano de prantos.
Deixe-me aquecer teu corpo, com meu corpo feito um manto.
Resgatar-te desta onda torturante.
Onde o mar, que estava em fúria, afogou o navegante.
Deixe-me nadar em teus olhos, que me olham tão brilhantes.
No balanço do teu barco desvendar este universo escaldante.
Viver a tempestade intensa, como povos viajantes.
Corpos que morrem juntos, num suspiro radiante.
Repousam desfalecidos, ancorados no horizonte.
Flutuam, como nos sonhos, nesse mar de delirantes.