Brincar à moda de Chaplin

Sei que pedi pra que fingisse ser grosseiro.

Para que eu fosse de mim mesma protegida.

E você sempre solícito e cavalheiro.

Fez de tudo que eu pedi e em tal medida.

Que destruiu meu sonho louco por inteiro.

Enquanto eu boba ficava toda agradecida.

E você sempre quieto e emudecido.

Não disse sim nem disse não. Fiquei perdida.

Aquele cara bem humorado e enobrecido.

Cedeu lugar ao carrasco da minha vida.

Agora sei que estavas sendo verdadeiro.

Enquanto eu ficava cada vez mais iludida.

Como C. Chaplin você só estava atuando.

Enquanto mostrava o que sentia de verdade.

E eu pensava que estava só me ajudando.

De fingir brincar vejo que tens capacidade.

Se faz se santo pra ficar me castigando.

E enquanto finge me cuidar faz crueldade.

Achando pouco ainda se faz de ofendido.

E me faz achar que eu sozinha tenho culpa.

Por revelar todo esse amor antes escondido.

E agora exposto nos ameaça e lhe preocupa.

Se para demonstrar falso cuidado está sumido.

Sáiba que eu sei que só arranjou uma desculpa.

E o que era para ser só um passatempo.

Foi se enrolando e ficando complicado.

Sei que não era para ter tanto sentimento.

Me desculpa se acabei brincando errado.

Eu que queria dividir um bom momento.

No fim ganhei um coração decepcionado.

Nunca mais vamos fingir sermos atores.

Prefiro viver representando a realidade.

E já que a vida passa atrás dos bastidores.

Renego o espetáculo que só traz banalidade.

E pra valorizar todos os meus reais amores.

Renego agora a todos os enredos falsos.

E vou viver minha vida ao vivo e a cores.

Antes que minha " cortina desça sem aplausos"

Adriribeiro/@adri.poesias

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 12/09/2020
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