prenúncio

É bom mesmo que não me respondas

Que me deixes suspenso no vácuo do teu silêncio

Sufocado no abandono de tua omissão.

É melhor que não cumpras tuas menores promessas

Que não venhas nem expliques

Que me quebres de cara.

Que mintas, inventes, tergiverses de vez

Agora, de primeira.

Que desprezes meu apelo expresso

Finjas não vê-lo, não lê-lo,

Que não exista

Finjas não lembrar que me prometeras

Tão simples!

Que te atrases e reveles-te pontual no teu atraso!

Enfim...

Não é nada contigo.

Nem que espere muito de ti.

Aliás, é isso: não quero esperar algo de ti

Não posso esperar nada de ti:

Não mo darás. Não poderás.

Não é nada contigo.

É só como somos:

Esperamos o que queríamos fôssemos.

(Que sonoridade estranha,

De uma eloquência irreal, só sonora:

A vida será mais que bizarras impróprias aliterações?)

Não mudarás...