as conchinhas do mar

impregna-me do teu rochedo

tenho um medo que me pelo

eu me gelo

com o teu olhar azul

impregna-me da tua baba

minha voz, ela se cala

com o teu sorriso

amarelo

impregna-me a tua ausência

perco até a consciência

quando custas a chegar

impregna-me o teu olhar

custo muito a imaginar

que sem ti eu possa viver

impregna-me o teu sofrer

porque sei que o que ele faz

é sorrir da minha paz

se não posso te atender

impregna-me a solidão

de algumas conchinhas do mar

que não te viram passar

de braço dado comigo

impregna-me o castigo

de não te ver amanhã

na casa da tua irmã

pro almoço do fim-de-semana

impregna-me a minha cama

quando não estás por aqui

querendo que eu te acolha

no meio das minhas pernas

impregna-me o teu esperma

o meu soluço, o meu choro

a indecisão que me anima

e o cansaço da adrenalina?

tudo o que ela me ensina

não é mais que botar de plantão

o ritmo de um coração

que bate descompassado

impregnadao de amor

impregna-me a tua dor

da minha dor já não sei...

Rio, 10/03/2007