ANCORADOURO
ANCORADOURO
BETO MACHADO
A sinto sempre nos ares da noite.
Mesmo se a lua não a ilumina.
Enfrento o vento. Testo seu açoite.
São vaga lumes minha lamparina.
E que olor emana do seu corpo!
E quão macia é a sua tez!
No cais, meu barco, ancoro do seu porto,
Mas pretendendo é ficar de vez.
A madrugada sempre se insinua
Diante dos amantes sem receio
De não surgir o brilho da dindinha lua
E faz-se da noite e do amanhecer
O mais adocicado dos recheios
Pra adoçar a minha boca e a sua