O ESPELHO DE VOVÓ
Éramos companheiras de quarto,
eu e vovó desde meus cinco anos
e nos dávamos muito bem
porque, sempre fui muito amada!
Vovó tinha o hábito de se levantar
e depois da higiene, penteava o
cabelo em coque, passava pó
e atrás da orelha um dedo de perfume!
Depois de feito isso, cuidava de mim
e o mais triste eram as tranças
que doíam para trançar,
mas ela dizia que eu ficava linda!
Havia um grande espelho em nosso
quarto, vindo dos tempos antigos,
da mobília de seu casamento e eu
me encantava com a moldura!
Ovalado de corpo inteiro
emoldurado em madeira acastanhada
com rosas esculpidas também
em madeira de Peroba!
Diante dele eu brincava, vestia
as roupas de mamãe, passava batom
e calçava os saltos altos
que buscava no quarto materno!
Assim eu cresci com vovó, amor
e o espelho até que, depois de tantas
vidas, me casei vestindo-me linda
em frente ao espelho!
Mudei de cidade, vovó foi para
os braços de Deus e um dia
entrando em um antiquário,
reconheci o espelho de vovó
e ao invés de ver-me a mim
no reflexo, vi vovó!
Comprei o espelho, levei-o
para casa e meu lar se encheu
da minha doce velhinha, gordinha
e agora ali num simples espelho
me acompanhando com desvelo!
Eugênia L.Gaio
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