GRATIDÃO QUASE DE PRECE
Hoje, as árvores devem estar felizes decerto,
Pois a chuva que cai, molha os seus galhos,
A umidade e a frescura desses pingos,
Conservam as características dos orvalhos.
Há algum tempo que não se via cena igual,
De brandura, de pureza e de muita emanação,
A maravilhar as pupilas, um tanto exaustas,
De contemplarem somente o forte sol de verão.
Que felicidade, se essa maravilha branda
Se perpetuasse diante dos olhos, tão magistral,
Que traz consigo a fertilidade e a inspiração
Ao solo estéril e ao infértil poeta sem final.
Não apenas as árvores, o solo também
Regozija-se e se rejuvenesce ao contato
Do brando e contínuo cair da chuva,
Que tem receptividade no verde do mato.
Mas, pouco depois, escasseando, infelizmente,
A misteriosa dádiva do ar se retira,
Sem permissão prévia, ou consultar alguém,
Deixando em seu lugar o que o olfato aspira.
1.981