Estavas
Assim sob o balançar das folhas,
num verão que se esqueceu de aquecer,
numa relva rala, com chão de pedras e espinhos,
vi-te florescer.
Davas , azuis, flores de linho
e nasciam-te cores rubras na vontade
com que soltaste as coxas e mostraste,
misterioso, um caminho novo de aventura.
E fui à tua procura a todos os lugares
que eram o fundo de mim.
Estavas em muitos e, noutros, havias passado sem olhar.
Quando se não olha o que se fica a saber
é pouco mais que um negro aveludado
que tanto pode ser água de chuva
como a língua agora ávida com que te passeio.