Estavas

Assim sob o balançar das folhas,

num verão que se esqueceu de aquecer,

numa relva rala, com chão de pedras e espinhos,

vi-te florescer.

Davas , azuis, flores de linho

e nasciam-te cores rubras na vontade

com que soltaste as coxas e mostraste,

misterioso, um caminho novo de aventura.

E fui à tua procura a todos os lugares

que eram o fundo de mim.

Estavas em muitos e, noutros, havias passado sem olhar.

Quando se não olha o que se fica a saber

é pouco mais que um negro aveludado

que tanto pode ser água de chuva

como a língua agora ávida com que te passeio.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 03/09/2020
Reeditado em 03/09/2020
Código do texto: T7053680
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