Quando

Quando já me afogo seca o mar.

E o mar volta como recordação do limite.

E o limite é afinal aquela linha,

aquele instante,

a decisão que tarda mesmo à beira da partida.

Vou? Fico?

E sem certeza nem promessa ficava.

Sem vida e ainda vivo,

sem boca que me gritasse

sem corpo que viesse e me trucidasse

que de abalo seria a mudança.

Quero o teu som sem palavras,

o teu hálito, o rasgar dos dentes

onde só sangue me dói, onde só o teu sexo me vale,

onde, apagada, és a cinza de uma estrela.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 02/09/2020
Reeditado em 05/10/2020
Código do texto: T7053150
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.