FALANDO DE AMOR
Autora: Regilene Rodrigues Neves
O cenário nu
Despe também m’alma
A solidão envolta
Na fragilidade do sentir
O amor escorregadio
Em meus sentidos
Palavras embargadas em emoções
Traduzem sentimentos absortos na memória
O pensamento é feito de lembranças
Em desatino sôfrego da alma
Que por vezes se aquece em desventura
Cálida no peito!
O silêncio é um fragmento
Invadindo imensurável céu
Vaga indócil espírito
De anseios castos...
A janela do destino
É ócio
A direção se impregna
Nos seios da noite
O luar é tépido
Em vigilante madrugada de sonhos...
O amor despe
Uma a uma cai em peças intimas
O vento sopra lá fora
Aqui do meu leito
Posso sentir
Seu toque
Sutilmente vai levando tudo de mim
Toda ventura que um dia cerquei
Pelo mundo...
Não consegui abraçar
O abraço que era teu
Nem afugentar os pensamentos
Da alma...
Asfixiei-me num casulo de lembranças
Toda necessidade de amar
A ceda tecida em fios puros
Estão agora evadidas
Soltas no ar...
Falando de amor
Rola uma intensidade
Que não cabem versos desconexos
Porque o côncavo e o convexo
São formas que se acham e se encaixam
Em faminta poesia do amor
Somos poetas dóceis na arte de amar
E tudo que sabemos
É entrega
De todas as vestes
Que cobrem a nudez
De um corpo coração!
Falando de amor
É um grito
Que aprisiona em celas transparentes
O flagelado amante
Que absorve seus sentimentos
Em fagulhas do tempo
Transcendendo em eternidades
De um novo amadurecimento a renascer
Em versos do amanhã...
Criada em 05/12/2004