Quando o Amor Acontece
É no inominável
Onde teus olhos me aguardam
Que meus passos reconhecem-se
Seria o mar abstrato e sem matiz
Não fossem os teus olhares
Na fímbria do sonho
A fitarem-me em saudade
São as vagas que abrem em teus lábios
O espelho de um sorriso que me reflete
Festeja-me tua memória
Quando recrias o fulgor
Das carícias despertas
No silêncio das madrugadas
A chama que se prolongava
Quando as mãos do desejo
Acordavam estremeceres e delírios
E sempre íamos tão longe
Enlaçados pelo anseio de eternidade
Como se de nós irrompesse
Todo amor que ao mundo faz falta
Em mim somente tuas retinas
Deitadas sobre o meu corpo
Lembravam-me do existir
De todas as cores
Apenas tua respiração
É que me dizia dos sons da vida
© Fernanda Guimarães