Hoje
Querido, hoje é 24 de agosto
Tá frio, é dia, ameno ao menos.
Trabalhei, a direita e a torto.
E a faculdade ? Veneno.
Querido, hoje é 24 de agosto
É segunda, já é noite.
Um papo, a contragosto.
Este afoite!
Tirar-me-a a vida, abrupta demais.
A coluna não aguenta
O peso que carrego
Luxúria, unguento?
Mais paulada eu levo.
Querido, que lida?
Que te escrevo?
Os dias voam, que tempo?
Sê cedo.
As vezes, acho, que fui cuspida
E por sorte, jogada ao vento.
Eu tento.
Nada esculpida, despedida
Perto da morte.
E tu como vais ?
Querido, que queres?
Memórias distorcidas?
A sua vida é ou eres?
E eu? Amanhecida.
Querido, hoje é 24 de agosto.
Segunda, a noite, o caos, um cais
Teu gosto, suposto,
Ao norte, tens sorte
Me açoite, e não volte mais!