CONTRASTES DE UM CORAÇÃO
Eu tive medo quando à porta o amor me chamou,
Medo de baixar a guarda sem saber o que poderia acontecer,
De um dia estar em frente ao espelho e ver que aquilo acabou,
Mas medo de passar ao lado e ignorar o que poderia viver.
No fim é como ter um belo colar de perola e não usar,
Com medo que um dia possa estourar,
Mas qual a razão de um colar guardado, de não se adornar,
Com medo que ele estoure sem possibilidade de consertar?
Tive medo quando o amor me tocou,
E de um dia ele acabar,
Mas o que adiantaria me proteger de tudo,
E sem viver a própria vida, assisti-la passar...
Mas de onde vem a força para o medo enfrentar,
De onde vem a coragem de permitir o amor entrar,
Correndo o risco de que um dia o sonho lindo seja apenas lembrança,
Misturando o amargor de uma lágrima em um doce recordar.
O tempo é um mestre silencioso, com meios próprios de ensinar,
E continua sempre, mesmo que você compreenda ou não saiba explicar,
Como pode o medo e o amor mesmo com efeitos antagônicos sempre se acompanhar,
Sem garantia de proteção, onde a opção do coração é e sempre será arriscar.
Veja, pelo caminho há tantas pessoas e muitos olhares,
Que resume esse dilema, sem dizer nada, longe de altares,
De repente a condição divina do universo seja a inconsistência dessa razão,
Que ao coração não adianta explicar, só cabe a aceitação.
Mesmo que meu colar de perolas se arrebente, valeu a pena quando senti seu abraçar,
Mesmo que eu perca a sorte da juventude, valeu a pena arriscar,
E se um dia a vida me devolver o mesmo dilema,
Que haja inspiração em recomeçar.
Mesmo a vida sendo um sopro, sonhamos com o eterno,
Com um amor que repreenda a solidão de um longo inverno,
E nem toda filosofia essa relação afastaria,
O medo e amor sempre juntos resistiriam.
Então no fim de tudo é isso que resta,
Porque com o tempo não podemos transigir,
E evitar as cicatrizes será renunciar um existir,
E mesmo com o medo e amor me acompanhando, contigo eu quero prosseguir.
Sobre o futuro, só o hoje nos restará,
E se um dia um nos faltar, ainda valerá,
E não adianta explicação, pois nunca será sobre a razão,
Porque ninguém no mundo pode definir os contrastes de um coração.