Vigília
Deito-me negro na noite.
As fontes jorram as muitas fomes que há em mim.
Sei as bocas, todas as palavras , o ferro e o medo.
Sei que onde o teu corpo se raspe nascem vozes
murmúrios a ferver na pele e no espanto que te perfumam.
Vem, macia fera ao meu reduto e mata-me.
Que possas na minha carne ser o lume e a lâmina,
que seja a tua língua mar dos meus sentidos
e que de ti venha, feroz como um urro, o meu tumulto.