SAUDADE

Não posso ver o mar
na madrugada densa
ouço apenas as ondas
brincando na areia
um delicioso vai e vem
vertendo-se
a reluzir espumas ao luar

Projeto um pouco mais
o corpo pela janela
olho mais abaixo
quase no final da rua
antes da esquina
e presumo
um casal se amando

As silhuetas são indecifráveis
anónimas
amáveis
agora não estou mais na janela
transportei-me para a penumbra
próxima à esquina
e me visto do anonimato