Até que a luz se apague
"Corpo estranho que envolve-te nos braços
em abraços laços armados em tocaia,
algemando-te as mãos sem ao menos pedir-te permissão.
Confunde-te os sentidos
envolvendo-lhe em um círculo vicioso
de alma, de sexo e gozo.
Corpo tomado a gosto.
Goza-o,
faz gozar-te,
preocupa-se contigo.
De pé a tua frente,
agiganta-se em elegantes curvas
e frisos grisalhos
em corpo aconchego,
bom de se ver!
E agora, o que será?
Encontros noturnos em segredo...
Viagens longas e prazer prolongado...
Escancarado prazer...
Dias vividos a contragosto...
Revelações fenomenais....
Não! Continua tudo como sempre esteve.
Um grande segredo calado na boca,
escondido entre os eixos dos doces lábios
curvados à majestade de teu ser!
Corrompida sensação de liberdade
submetida à vontade do medo,
segredado em um irrevelável segredo.
Não posso mais ver-te!
Nem tocar-te novamente posso.
Ao menos posso querer-te nos braços meus,
abraçando os meus abraços
envolvendo-me em teus laços
encobrindo-me os rastros
e fazendo-me errar os passos dados
também, os passos tentados.
Ao menos quero ver-te novamente,
sentir-te plenamente em céus tão hostis!
Aproveitando-se de meus encantos
ou preenchendo o vazio de minh'alma
de sonhos teus de cousas tuas.
Ao menos posso viver sem te ter
sem te querer
sem ser como sou
sem ver-te como és
e no que me transformou com um simples olhar".