Entre retratos

Aquele retrato escondido num livro,

Parecia desapercebidamente ignorado.
Não, se guardei nos versos de Bandeira
Foi para não esquecer e eternizar
Sua beleza num poeta maior.

O novo retrato recebido, pelos correios,
Assustou-me pela metamorfose,
Estavam lá suas mãos delgadas
Trabalhadas como escultura
Renascentista, ressaltando toda leveza.

São dez anos entre um retrato e outro,
O de ontem guarda uma linda menina.
Neste, de agora, assusta meus desejos
Pela formosura leve, sem marcas, ávida
Por viver todo presente possível.

Seus lábios ainda são os mesmos,
Embora brilhem mais pelos olhos
A lhes ressaltar toda sensualidade.
Num concerto de muitos instrumentos,
Seu corpo é sinfonia fantástica.
Esta roubei de Berlioz.
 
 
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