Dança comigo?
Dança comigo? Os olhos disseram. Os pés se levantaram do aconchegante sofá. As mãos agarradinhas, falavam um dialeto único e silencioso, que só os dois compreendiam.
Os acordes aqueciam a noite fria, e os braços feito laços em abraços se faziam.
Acalentados pelo amor que sentiam, se confortavam entre um passo e outro.
Noite à dentro, eles só queriam juntinhos dançar.
O mundo lá fora amargava a tristeza de uma gélida época, mas lá em Niterói, o 708 bloco B, testemunhava a cena mais linda. O amor de muitas rugas, se dando uma chance de nascer.
Quando juntinhos, esqueciam do dólar que cotava em 5,48, das queimadas nas florestas, da morte que segundo após segundo, abraçava uma nova vida.
Dança comigo? O coração pedia toda vez que a vida ficava dolorida.
Bastava uns acordes, meia luz, para todo o dolorido se fazer em colorido.
Dança comigo? O amor trazia o abrigo.