Não sei...não

Foi na escola onde estudava

Eu teria dezoito e ele dezesseis.

Numa simples mágica o corredor voava

Quando ela olhou nos meus olhos e me disse talvez.

Talvez quem sabe...não...sei

Quase fiquei sem respirar

E num instante pensei

Que em tudo isso eu poderia acreditar

E ela com um simples sorriso dizia

Não sei...

E eu sem razão comecei a sonhar

Com tudo que um homem pode ter

Só não sabia esperar

Que mais cedo ou mais tarde

Ela descobriria que também sabia amar

E todos os meus sonhos poderiam se realizar.

Passei vários dias esperando

Minuto a minuto...

Foram se transformando em horas...séculos

Que nunca se passava

Embora o relógio não se atrasava

Mas eu com uma palavra

Fazia dela um anjo

Que mais tarde passaria a ser um poema

Poema encravado no meu peito

E ela sem ter o que falar

Dizia-me sussurrando

Não sei...

Havia um lugar

Onde a gente passou a freqüentar todo dia

Era ela que me chamava

E no encanto do meu abraço

Eu a convencia que podia amar

Só que em minhas palavras

Ela não conseguia acreditar.

Às vezes parecíamos dois bobos

Um olhando para o outro

Como quem procura alguma coisa.

E como sempre nunca encontrávamos

Pois isso que tanto era procurado

Estava bem guardado.

Foi num assobio que ela me disse

Que queria ser como um rio...

Pensei comigo...Porque um rio?

Ela arquejando com a voz

Respondeu que só assim poderia ser feliz.

Quando a deixei no final do ano

E fui cuidar de meus estudos

Não percebi que era disso ela sempre falava

Mas eu não acreditava

Que meus sonhos diante dela não eram nada.

Era festa...era ela e outro poeta

Abraçados vivendo um outro conto de fadas

Onde eu era apenas o leitor

Que se admirava com as palavras.

Ela me olhou espantada

Como quem vê a lua prateada.

Voltei e larguei no chão uma rosa azul

Onde tantas vezes conversando

Receitei a ela meus sonhos

E sempre acanhada me dizia...

Não sei...