ENTRE
Entre, tudo aqui te pertence,
a tua presença ainda reluz
aqui dentro, aquele lugar na
poltrona continua vazio, como
o teu lugar aqui na minha mesa.
Entre e veja que nada modificou,
nem a última flor que ganhou,
cujas pétalas estão secas já faz
algum tempo.
Entre, caminhe pelo teu antigo
reinado, descubra o que não
conseguiu descobrir enquanto tua
bandeira encontrava-se hasteada.
Se por acaso encontrar subitamente
alguns vultos, não te assustes, são
vultos do meu sentimento que
ainda te procuram pelos cantos da casa.
Ao entrar no quarto, verás
que o nosso leito ainda encontra-se
desfeito, e se assim deixei, foi
para conservar o calor do teu corpo,
na esperança de aquecer o meu nas
intermináveis noites de frio...