Sobre tal sentimento...

Não

Não me pergunte

Se conheço o amor

Ou se desgovernado, já levitei

Nas edênicas nuvens deste

Só e somente, pergunte se sei

Imaginar a vida sem inenarrável mistério

Esse andar sem leste

Definido por uns e indefinido por outros

Lógico para uns e sem critério

Para os que nas asas dele voam e enlouquecem

O que será esse tal de amor?

Se não reduzir o corpo aos palpites

Diante do mundo rosado em presença do outro

Se não for uma invulgar dor

Que se cura no termo da saudade

Ou de um abraço, um beijo, ou um sopro

De sussurros com promessas de lapidar o semblante

Não

Não me perguntes se já vivi um amor

Ou se saberia contar quantas pétalas se chegam no chão que se pisa

Quando o que importa não é a caminhada

Mas o encontro, o final e a brisa

Que se faz aura na proximidade do beijo

Não, não pergunte

Apenas decifre minhas feições quando ela chegar

Apenas escreva o quão belo eu sou diante dela

Para que eu possa acreditar não estar

A aldrabar-me nos vértices de quem sabe sonhar

Ao ler minha própria novela.

Odibar João Lampeão
Enviado por Odibar João Lampeão em 02/08/2020
Código do texto: T7023766
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