Sobre tal sentimento...
Não
Não me pergunte
Se conheço o amor
Ou se desgovernado, já levitei
Nas edênicas nuvens deste
Só e somente, pergunte se sei
Imaginar a vida sem inenarrável mistério
Esse andar sem leste
Definido por uns e indefinido por outros
Lógico para uns e sem critério
Para os que nas asas dele voam e enlouquecem
O que será esse tal de amor?
Se não reduzir o corpo aos palpites
Diante do mundo rosado em presença do outro
Se não for uma invulgar dor
Que se cura no termo da saudade
Ou de um abraço, um beijo, ou um sopro
De sussurros com promessas de lapidar o semblante
Não
Não me perguntes se já vivi um amor
Ou se saberia contar quantas pétalas se chegam no chão que se pisa
Quando o que importa não é a caminhada
Mas o encontro, o final e a brisa
Que se faz aura na proximidade do beijo
Não, não pergunte
Apenas decifre minhas feições quando ela chegar
Apenas escreva o quão belo eu sou diante dela
Para que eu possa acreditar não estar
A aldrabar-me nos vértices de quem sabe sonhar
Ao ler minha própria novela.