AS MÃOS
Eu olho as minhas mãos,
Sinto-as às vezes inúteis,
Para uma saudação amiga,
Outras vezes considero-as úteis.
Eu vejo as minhas mãos,
Espalmadas para o cumprimento,
E muitas vezes vejo-as fechadas
Para o justo agradecimento.
Eu tenho as minhas mãos,
Abertas para ao deus rápido,
E depois vejo-as trancadas,
Para um aperto de mão cálido.
Eu contemplo as minhas mãos,
Inertes e incapazes para o perdão,
Depois as olho novamente,
Móveis, agitando-se na solidão.
Eu sinto as minhas mãos,
Bondosas, ágeis e impacientes,
Mas elas também sofrem, trêmulas,
E algumas vezes, à dor alheia, são indiferentes.
Eu movimento as minhas mãos,
Num gesto mal insinuado,
Minhas mãos que são calorosas,
Não respondem a nenhum chamado.
Eu orgulho-me de minhas mãos,
Embora quase sempre estão geladas,
E impassíveis ao sofrimento do mundo,
Sob um pesado silêncio, conformadas.
1.980