AS MÃOS

Eu olho as minhas mãos,

Sinto-as às vezes inúteis,

Para uma saudação amiga,

Outras vezes considero-as úteis.

Eu vejo as minhas mãos,

Espalmadas para o cumprimento,

E muitas vezes vejo-as fechadas

Para o justo agradecimento.

Eu tenho as minhas mãos,

Abertas para ao deus rápido,

E depois vejo-as trancadas,

Para um aperto de mão cálido.

Eu contemplo as minhas mãos,

Inertes e incapazes para o perdão,

Depois as olho novamente,

Móveis, agitando-se na solidão.

Eu sinto as minhas mãos,

Bondosas, ágeis e impacientes,

Mas elas também sofrem, trêmulas,

E algumas vezes, à dor alheia, são indiferentes.

Eu movimento as minhas mãos,

Num gesto mal insinuado,

Minhas mãos que são calorosas,

Não respondem a nenhum chamado.

Eu orgulho-me de minhas mãos,

Embora quase sempre estão geladas,

E impassíveis ao sofrimento do mundo,

Sob um pesado silêncio, conformadas.

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