Morada

Ser afluente dos olhos
pelo horizonte mirados,
deixando que possam repousar
na plenitude serena dos sonhos
as coerentes e vislumbrantes facetas da vida.
Quero poder estar nesta linha,
brilhar como cerol aos reflexos
lunares, solares, não importa,
podendo cortar transeuntes,
casos, fatos inoportunos.
E por onde andar, estiver tais contas,
sem o descaso ou descaminho,
sem pejo, falarei com desejo,
flutuarei no itinerário
e no ponto exato pelo estuário,
hei de confrontar o belo existente
com tanto pavor que a vida mostra.
Não serei mais um afluente,
apenas único,
solitário em ser,
onipotente em poder.
Para tanto basta uma réstia de luz,
que você se volte, esqueça o que há,
tudo que fica, que rodopia a sua volta.
Quero, como quero.
Persigo o grande amor,
oculto em algum reduto
chamado de felicidade.
Olhe, apenas procure olhar,
ler o lido mais uma vez,
para saber que sou ao seu lado,
a morada da felicidade.