Nudez


Em que te espelhas,
por vezes, lânguida, solta em meus braços.
Procuro palavras que jamais dissestes.
Qual a luz que refletida te fazes assim,
perdidamente mulher?
Se te quero, me queres.
Diga-me quais os reflexos
que visto, envoltos em lençóis
cobrem tua pele, a nudez
que faz de mim, de ti mais uma vez
um só pecado oculto nas trevas.
O que vestes sob as vestes finas,
tintas coloridas, mãos deliciosas,
ou ainda a excitante peça em rendas?
Diga-me que de tuas mãos,
levadas aos seios, desnudando-os,
é mais um convite, que um despir;
uma troca formal de cortina
encobrindo a tez rosada, menina,
antes que o beijo aconteça.
Bem sei em que te espelhas
quando afeita, afoita, nua,
buscas, procuras o encontro sem pejo;
corpo a corpo, boca no beijo.
Bem o sei; são trilhas sonoras
que decantam, face a hora,
expostas, espelhas em meus anseios,
no olhar perdido que passeia,
antes que as mãos viagem pelo terreno,
nas campinas sossegadas que fazem,
criam minha paz na nossa virtude,
nos espelhos que espelham e refletem
de ti, de mim, um imenso amor.