Hoje, talvez ontem, 
mas, nunca amanhã que é um mistério,
um segredo indesvendável
como o que revela no silêncio,
no calar das pautas.
Hoje, agora, posso e devo
quebrar o silêncio,
deixar que exploda o peito
na tensão dos seus olhos,
no aperto da boca que não me fala,
no sorriso que não me chega.
Amo você sem crer, sem esperas,
sem voltas, pois você não chegou
além do espaço, nada lhe traz.
Mas, não são eflúvios que recebo,
palavras, imagens que alimentam.
São ficções, sonhos de menino,
castelos erguidos em areias movediças.
Mas, são louvores que você não possui,
aurículas que cercam sua imagem.
Eu as colori neste turbilhão,
nesta festa de emoções.
Você, sempre você encerrando a noite,
fazendo do dormitar uma pausa,
apenas uma pausa,
um leve momento sem usar o pensamento,
sem buscar coisas que creio, enfeito.
É fruitivo poder salpicar a vida,
esta carruagem descoberta, alheia,
totalmente desfeita de encontros;
cobri-la com gotas azuis,
azuis como seus olhos,
purificando a alma com amor
neste encontro que o tempo não faz,
mas, que faço em você,
todo feito para mim.