ME DEIXA AQUI

(Sócrates Di Lima)

Me deixa aqui...

na minha inquietude solitária,

como um Zumbi,

pareço viver um calvário.

Me deixa aqui nesse lugar que é só meu,

enfrentando os meus conflitos,

ou as guerras do meu outro Eu,

Que se misturam em surdos gritos.

E por estar aqui, assim...

Fugindo dos sonhos d´outrora,

Numa naus distante longe de mim,

Não alcanço seus olhos agora.

Então, pela falta de uma decisão assim,

que definiria estar ou não comigo,

tive medo do amahã amanhã sem mim,

E não poder deixar-te o meu abrigo.

Por isto, me deixa aqui sozinho,

entre meus pensamentos e minhas poesias,

Porque o outro que sou, eu tenho carinho,

mas, não é o poeta e nem vive de fantasias.

Me deixa aqui, minha senhora,

que diz que me ama como nunca amou,

e por isto não quer que eu vá embora,

E eu sobretudo no seu tempo ficou.

Tenha paciência que eu a espero n´outro encontro,

Pois só tive dois amores em minha vida,

Um já passou, mas amor não morre, sobrevive n´outro,

E o outro é você que vive em mim sem ida.

E se doi a solidão de nosso amor,

Vai passar eu sei, pois espero sua volta,

Não me deixa aqui, nesse torpor,

Porque eu a amo e isto é o que importa.