Mais Uma Carta Aberta
Como será que você me vê? Aqui, continuo aqui. Parada na outra ponta do iceberg, procurando um ponto de equilíbrio, sem o auxílio de nada que possa me ajudar com isso. Os teus olhos ainda alcançam os meus? Será que se eu sorrir de lado, talvez um pouco alto, o som da minha risada vá nos fazer desmoronar? é triste. É triste reconhecer que o som da minha risada pode ser aterrador, porque, por tabela, o seu também é, e eu sinto falta de o ouvir, e daqui eu não consigo mais te ver. E se a gente sorrir sem fazer barulho? No três, certo? Vamos lá 1, 2, espera! Você riu. Esse é o problema, entende? Não conseguimos mais, não está acontecendo como era antes. Em que ponto nos repelimos a ponto de parar aqui, nas pontas extremas do iceberg? Está frio, sinto falta do seu abraço. Sinto falta de te escrever cartas que nunca serão lidas, e se eu soubesse que sentiria saudade de reviver a nossa história, jamais as teria queimado quando achei que tivéssemos acabado. Daqui tudo é frio, lacinante e solitário. Sinto falta da sua companhia. Das suas piadas sem graça, dos erros de português. Falando nisso, você fez aquele curso de gramática? Em algum momento decidimos que estar nas pontas dos icebergs seria a solução perfeita, mas na verdade, nós prolongamos o fim. Isso fez ele doer mais. E se doer de uma vez só? É por causa disso que eu vou precisar saltar. Provavelmente, quando eu cair dessa ponta, você será arremessado dessa outra. Fico na esperança de que você crie asas, e re-exista. E eu… Quem sabe encontre algo plano em que cair e esse seja o meu ponto de equilíbrio: estar, mais uma vez, no meio.