Coração ansioso
Se aquieta coração ansioso
Organiza esse seu compasso
E aprende que não é todo dia
Que o amor dorme em seu abraço
Até parece que nasceu ontem
Batimentos de adolescente
Diminui o ritmo e a pressão do sangue
Se não quiser ficar sempre carente
Nem parece ser fã de Drummond
Que disse que o amor é assim mesmo
Hoje beija, amanhã não beija
E o depois de amanhã fica a esmo
Se faça de musa de Balzac
A qual a maturidade seria virtude
A ponto de viver um amor maduro
Mas o ponto do amor jamais se discute
Aliás discussão alguma aqui caberia
Em disciplina onde desconheço perito
O amor é munição dos velhos poetas
Que nas linhas quer fazer bonito
E é por isso que repreendo meu coração
Que já tão distante da tenra idade
Já não se presta a qualquer emoção
E vive em recusas por vaidade
Se situa amor vulnerável
Sossega o corpo que te dá abrigo
Oxigena meu peito cansado
Se deite, fica, dorme comigo.