Ao Demônio, O Amor.
Caso, por ventura ou maldição,
— Por Delfos, destino ou danação —
Eu desterrasse um vazo ancestral,
E do envólucro maldito evocasse
Um demônio, que veio direto do inferno abismal.
Diante do poder nunca antes visto,
Podendo realizar-me qualquer desejo,
Ao demônio eu faria um único pedido,
Sendo este, meu único ensejo:
Ela.
Pois tê-la é tudo o que me convém,
Tendo-a não quero um único vitém,
Não necessito de comer ou de beber,
Nenhuma posse, nada quero ter
Apenas ela.
Ao demônio eu poderia exigir,
Castelos, poder, ouro, riqueza,
Mas de que adiantaria tamanha impureza?
Se o amor dela é tudo o que eu quero,
Se posso amá-la, de um amor belo e sincero,
Por que então querer algo mais?
Jamais! Não quero!
Eu quero ela, e para sempre estar com ela!
Quero poder parar o tempo
Para passar ainda mais tempo
Ao lado dela
Sem perder um único segundo!
Ah! Demônio! Do inferno oriundo!
Encurtai o tempo, matai o momento!
Para que toda hora, seja dela advento.
Isso me basta, é isso o que eu quero:
Não poder, não riqueza, não ouro, nenhum castelo
Nenhuma corruptela. Eu quero
Apenas estar
Ao lado dela.
[poema inacabado]
01.07.20