A gente não escolhe quem a gente vai amar
A gente não escolhe quem a gente vai amar.
A gente simplesmente ama.
Ama de repente.
Se descobre amando, ansioso, empolgado.
A gente não dá prazo pra começar a amar.
Não especifica data ou condiciona comportamento.
Quando se da conta, está amando.
A gente não determina biotipo, ou diplomação.
Saldo de conta, ou patrimônio.
A coisa acontece de repente, e quando se percebe, está viciado no outro.
Precisando dele, pensando loucamente, irracionalizado.
É como se uma parte da gente tivesse sido transferida pra pessoa e onde quer que ela vá, a gente vai com ela.
Pode aparecer tantas outras e outros se declarando, oferecendo vantagens, gritando juras de amor eterno, mas algo ainda faltará.
A gente se apaga longe do outro.
Nada completa , tudo é sem graça.
Você pode ter mil corpos, beijar mil bocas, mas aquela é diferente.
É como se houvesse uma festa dentro de você o tempo todo.
Como estar próximo da hora de receber a homenagem, a entrada na igreja, a notícia do filho recém nascido saudável.
A gente não escolhe quem a gente vai amar.
A pessoa desejada é como areia movediça, quando se percebe já não tem mais volta.
É o sorriso?
Talvez , quem sabe?
É o corpo envolvente ?
Pode ser , por que não?
É a intimidade intensa?
Faz parte !
É o inexplicável?
Quase sempre!
Acredito que seja o reconhecer-se sem ao menos saber como.
É a descoberta do inconsciente.
A revelação de si mesmo , no outro.
Tantos sofrem por que dizemos não, e insistimos em manter a chama acesa .
A possibilidade de ter o outro é o que nos move, é o que nos alimenta , o que nos faz insistir.
A gente ama sem querer, sem se dar conta, sem procurar amar, sem ensaiar , sem programar nada .
Quando percebe, está amando!