A gente não escolhe quem a gente vai amar

A gente não escolhe quem a gente vai amar.

A gente simplesmente ama.

Ama de repente.

Se descobre amando, ansioso, empolgado.

A gente não dá prazo pra começar a amar.

Não especifica data ou condiciona comportamento.

Quando se da conta, está amando.

A gente não determina biotipo, ou diplomação.

Saldo de conta, ou patrimônio.

A coisa acontece de repente, e quando se percebe, está viciado no outro.

Precisando dele, pensando loucamente, irracionalizado.

É como se uma parte da gente tivesse sido transferida pra pessoa e onde quer que ela vá, a gente vai com ela.

Pode aparecer tantas outras e outros se declarando, oferecendo vantagens, gritando juras de amor eterno, mas algo ainda faltará.

A gente se apaga longe do outro.

Nada completa , tudo é sem graça.

Você pode ter mil corpos, beijar mil bocas, mas aquela é diferente.

É como se houvesse uma festa dentro de você o tempo todo.

Como estar próximo da hora de receber a homenagem, a entrada na igreja, a notícia do filho recém nascido saudável.

A gente não escolhe quem a gente vai amar.

A pessoa desejada é como areia movediça, quando se percebe já não tem mais volta.

É o sorriso?

Talvez , quem sabe?

É o corpo envolvente ?

Pode ser , por que não?

É a intimidade intensa?

Faz parte !

É o inexplicável?

Quase sempre!

Acredito que seja o reconhecer-se sem ao menos saber como.

É a descoberta do inconsciente.

A revelação de si mesmo , no outro.

Tantos sofrem por que dizemos não, e insistimos em manter a chama acesa .

A possibilidade de ter o outro é o que nos move, é o que nos alimenta , o que nos faz insistir.

A gente ama sem querer, sem se dar conta, sem procurar amar, sem ensaiar , sem programar nada .

Quando percebe, está amando!

Dom Claudio
Enviado por Dom Claudio em 30/06/2020
Reeditado em 28/07/2021
Código do texto: T6992024
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