Alforria
Para amiga, uma pandemia?
Para amores platônicos, salvo-conduto?
Guarida para covardia?
Medo que a surpresa carregue um susto?
Coragem não é parceira do virtual?
Não vemos preconceitos saírem dos armários?
Salve! Salve o isolamento social!
Do lixo o afastamento necessário
Ecoam, gritados aos quatro ventos
Sandices anticivilizatórias
Não sobraria para meus sentimentos
Um sussurro do Amor, numa dedicatória?
Enquanto, em delírios, o prazer é capturado
A imagem do Paraíso, num exercício de excelência
Num muro em que vejo o possível do outro lado
Procuro maximizar, da alegoria, a experiência
Quem sabe na tragédia de ser infectado
Pelo menos a coragem de um caso terminal
Na urgência, vejas meu coração compartilhado
Onde/quando teu “não”, não me fará mal
E desta força que aperta meu peito
Conseguirei completa Redenção
Pois sentada ao lado do meu leito
Sacramentarás minha extrema-unção
Sabendo que eu guardava beijos ardentes
Com abraços apertados de companhia
Que corriam livres, presos numa mente
E burlavam guardas em traços de poesia