Capa, tela minha

*SILÊNCIO QUE FALA


Todo silêncio ao coração contrito
Olhei no teu olhar sem emoção
Entrei em tua alma feito furacão
Vasculhei teu céu, não vi o grito.

Não vi teu grito, mas vi penumbra,
Solidão sem palavra, sem testemunha,
Corroendo o tempo, fazendo grunha,
Abrindo valas como canto em rumba.

Este silêncio embotando a alma
Faz moradia, me consome fria,
Quisera um naco da cronologia
Para burlar o tempo, ofertar a palma.

Pudera ser a luz que rompe treva
Alumiar o templo, chegar a ti,
Nas palavras escrever que te vi
Sem o invólucro erguendo a leva.

Na face contrita teu olhar amante
Qual um telão rijo, emoldurado,
No teu sorriso eu vejo abortado,
Só o silêncio envolve cada instante.
** 
Em meu livro, Silêncio que Fala


 
Sonia Nogueira
Enviado por Sonia Nogueira em 27/06/2020
Reeditado em 29/06/2020
Código do texto: T6989551
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