Quando a pandemia acabar

Quando isso acabar,

Eu vou procurar aquela casa,

Que o caminho entrelaça,

Que primeiro permitimos amar.

Você lembra daquela noite,

Era mais perto do meio da década,

Mas eramos tão próximos,

Que parece um século.

Parece que quanto mais visito o passado,

Mais definhado fico, sem esperança no agora,

Porque se foi real tudo,

Como tudo foi embora?

É mais uma renúncia,

Um dizer ao mundo que amor não sustenta,

Eu bebo meu chá para me sentir aquecido,

Por dentro eu morri, já tinha esquecido..

Lembro vagamente da pronúncia,

Da palavra que me acalenta,

Da luz que um dia tocou meu rosto,

Do vento a ressecar minha pele,

Acho que morri de desgosto,

Em maio,

Acho que fui longe,

Mesmo o destino sendo tão perto.

Eu rodei as quadras em agosto,

Esperando que o tempo parasse,

Acho que perdi o pleno juizo

Esperando que algum vento levasse,

Não sei se vive, quem diz que vive,

E quem ama e não diz que ama?

Não sei mais,

O critério para o real é apenas o palpável.

Agora serei materialista,

Esquece de metafísica, pessoa.

Come o chocolate, pessoa.

Vive a vida como quem duvida da fila que está,

Mas não a abandona por medo de perder o lugar.

Escrevo hoje poesia, toda vez que passo pela rua que te vi.

Arremesso elas ao vento, vai que a letra atinge alguém

Se não, vira lixo que mal tem?

Eu sei que, se eu nunca falar que escrevi,

Você nunca lerá esta aqui,

Talvez um dia eu mostre,

Esse fluxo de pensamento que imita "Tabacaria"..

Mas eu quero que você descubra,

Quero que me note, sem que eu chame.

Quero que me veja sem que eu acene

Quero que me ame sem que eu implore.

Elias Vilas
Enviado por Elias Vilas em 26/06/2020
Código do texto: T6988084
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