E se eu prometesse amor?

E se eu prometesse o fogo que queima e deixa marcas

Ao invés da faísca brevemente esquecida?

Seria, talvez, ridicularizado pelas grandes massas

Que consomem o que é visto e não sentem o que existe.

Como se o amor não fosse deste mundo e sim

Algo inventado pelos fracos que não conseguem

Se encaixar na engrenagem mecânica palpável,

Como peças ultrapassadas na modernidade insensível.

O romance virou bilheteria, e as flores pura mercadoria

À disposição de clichês da era que não inventa, copia.

Se eu prometesse essa pieguice em sua forma original

O máximo que conseguiria era uma mensagem: uau!(risos)

Novidade é o que se espera, padrão é o que se cobra.

E quem não traz nem um nem outro, tratam logo

De exorcizar, transformando-o em efêmera obra,

Descartável, sem apresentações e sem contato longo.

Assim, deixo minha pobre promessa de lado

E fico à espera de uma época neoclássica,

Livre do material que hoje é tão valorizado,

Em detrimento do amor que é necessidade básica.