CHUVAS
Chuvas... chuvas que me fazem recordar,
Recordações tardias de um amor,
Que nas chuvas se dissolveu.
No horizonte sombrio por onde aguardo a vinda...
Que outras chuvas não trazem,
Apenas a umidade deste pranto,
Relembra estas saudades;
Pois de tão profundo que foi o amor,
Que ainda hoje suspiro a tristeza de tê-lo perdido.
As chuvas abrandam os ares,
Mas me arrasam por dentro,
E na calma arrasadora e insuportável
A saudade avança como dona da pessoa.
Vai me diminuindo ao amor,
Mas me engrandece com a sua pureza,
Que embora bonita chega doída...
As chuvas vão-se,
Mas ficam perpetuadas neste pranto quente,
Que povoam as faces cansadas de amar em vão.
Os olhos trêmulos que nada vêem,
Boca que murmura ao vento frases, palavras,
Que nada me responde.
As frases perdem-se ao ruído das chuvas,
E vão-se com a enxurrada...
Em busca de algo que esse amor e saudade
Inspiram neste ser que ama o distante,
Mas tão presente no seu íntimo, como se aqui estivesse...
Morando...habitando doloridamente.
1.980