Seus olhos

A lembrança que carrego é daqueles olhos

Que me amavam, me despiam e me devoravam com cautela.

Sinais repetidos em sequência, era riso vertido em chama.

Dança singular no apuro dos seus versos.

Inconformada com seus indecisos olhos, que aspiravam paz augusta naquele semblante raro.

Era o gosto novo que surgia quando me olhava.

Castanho. Cruel. Deliciosamente meu.

Seus olhos certos, que escrevo sobre a retina convexa de um bronze salutar. Silente. Íntimo. Dessa miragem infinita.

Seus olhos reais, de mãos dadas com meu destino, vibram na ópera silenciosa que faz minh'alma cantar.

Fulminantes olhos, ardem em parede crua que me pinta, me colore com a euforia metódica de um poder divinal.

Ingênua vontade, e busca interina de um amor vago.

Emerjo e me despeço dos seus antigos olhos que, por fim, receavam se perder na imensidão dos meus !

Sara Beatriz Serra
Enviado por Sara Beatriz Serra em 22/06/2020
Código do texto: T6984385
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