Volta pra mim
E quando meus olhos enfim secaram, pude ver além do quarto que abrigou o nosso amor...
As paredes já estavam vazias, o teto branco. E a porta entreaberta. Eu a fechei de vez. Você se foi. Eu fui também.
Tua água de riacho se apartou da minha água de mar. Só areia a nos separar. Mas já basta!
Até os sonhos mudos mudaram de vez...e as cores da aquarela renunciaram a esse amor. Agora sem cor, sem tom, sem som. Ruído zero. Já nem te espero...
São sombras que se apagam debaixo do sol e dos meus olhos. Ah figura que era branca, agora se escondes nos sonhos de quem?
Rode o mundo no vão desejo de seres mais amada. Tolice crer que poderias!
De tanta teimosia, cansas de ti até o dia! Já é noite agora. Vês lá fora? A noite cai novamente e suas mãos não encontram as minhas. A saliva em minha boca seca. As palavras se perdem. Não há discussão. Mas também não há concordância. Ignoro os seus suspiros que me agridem. Somos facas afiadas por minutos. Escudos de ferro entre abraços.
Baixe a guarda que me entrego. Sorria no canto dos lábios como adoro. Sussurre as frases que me derretem, só tu sabe! E derretida me detenha em seus braços.
Force-me contra seus lábios. Prisão que amo sufocar. Sufoco do qual não quero libertar-me. Só esse amor de baixos e altos me liberta. Sou porta aberta. Entre de volta por mim!