ATRÁS DOS CORTINADOS DA JANELA
Vi-te amor
olhei-te e vi-te.
Eras tu atrás dos
cortinados da janela.
E dos teus olhos lindos
desprendeu-se
uma pérola
de encanto singular.
Vi-te chorar!
Eu disse adeus,
adeus, querida!
E tu não disseste nada
não falaste
porque não podias falar...
Não mais te vi
nem para além
das cortinas baças
da janela.
Nunca mais...
Mas nesta longa
e cruel eternidade,
tens sido sempre tu
a dona dos meus sonhos
e dos meus pensamentos
todos.
És a base e o cume
dos meus desejos,
a razão das minhas
alegrias, poucas;
o conforto das minhas
amarguras, tantas!
És tu p'ra quem eu vivo
e viverei!
Porque hei-de
encontrar-te outra vez
atrás dos cortinados
da janela,
e hei-de ver-te a chorar
mas de alegria...
E hei-de abrir a janela
e contemplar-te
sem o entrave
dos cortinados baços,
e cingir-te ao meu peito,
p'ra sempre presa
à teia dos meus braços!
Leiria, Portugal