FORMA DA ÁGUA

Explico, simplismente, a forma da água

Pelos teus olhos: é transparente e calma

Numa hora transborda, noutra detém as lágrimas

Num dia ama, noutro já guarda mágoa.

Tem um tom esverdeado, uma cor clara

Azul quando é feliz, ou quando não é nada

Guarda alguns segredos, outros não guarda

Traz um tanto de medo e também acalma.

Ao prender-se nela, não tem quem saia

É como um fundo de rio, esconde arraias;

Se não cuidas, te fere, que quase não sara

E se tentas fugir, ela te agarra.

Pode matar-me a sede, e às vezes me mata

De dia tão verde, e à noite se apaga;

Se lançardes rede, pode ser que caias!

Não morres de sede, nem morres na praia.

O que falo dos olhos, falo da água

Não é uma hipótese, nem uma metáfora

É olhar que cura, água que lava,

Cor clara, escura, mistura na água.

Não se atormente com minhas palavras

Os olhos mais lindos são estes, são água

Que banham as pedras, em que o corpo nada;

Não morro de sede, nem morro na praia.

Lyta Santos
Enviado por Lyta Santos em 18/06/2020
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